Postagens

Mostrando postagens de setembro, 2010

Escolhas

Pensava sobre escolhas e quanto tempo elas refletem em nossa vida. Duram para sempre? São passageiras? Têm o ciclo de um mandato? Mandam na nossa existência? Colocam comida na nossa mesa? Nos tornam mais atraentes? Nos fazem mais feios? Mais tristes? Mais penalizados com o que somos? Ah, as escolhas. Não me arrependo de nenhuma. Aprendi com todas elas, até naqueles momentos em que simplesmente desistimos no último segundo. Se viver fosse fácil, acho que seria tão sem graça. Se as escolhas fossem sempre acertadas, também. É a chamada dor do crescimento, às vezes, dói só nos joelhos (segundo relato de uma amiga a quem vou dar um voto de confiança), outras, no corpo inteiro. Estamos todos os dias em tempo e momento de escolhas e de lamentos. Aquela pessoa que não beijei. Aquele emprego que não aceitei. Aquela história que não escrevi . Aquele momento que não me permiti. Escolhas. Estava aqui pensando sobre elas: as certas e as erradas que fazemos por aqui. Da política a vida pessoal .Às v

Ela chegou

  Hoje recebi uma visita que gosta de ser itinerante. Ela não fica só na minha casa. Está em vários lugares ao mesmo tempo, com sua cara florida e ar de piquenique. Como consegue? Fonte de inspiração constante.De Vivaldi a Tchaikovsky passando por Beto Guedes e Tim Maia, ela cabe em todos os ritmos. Como consegue ser tão linda? Sempre critico  os excessos e nela, ah nela,  tudo é absolutamente excessivo, a começar pelas cores. Só que nesse caso, não cabe crítica. Ela pode abusar do batom vermelho e da sombra azul. Quem se importa? Por enquanto, essa minha e sua prima está por aqui, para  lembrar que, às vezes,  se chega também de mala e flores. Talvez por isso, seja tempo de se permitir florescer. A Primavera chegou hoje aos nove minutos. Seja bem vinda. Até dezembro, quando chegar aquele  cara quente, a gente se renova.

O lado Pollyanna e a brisa

  Ontem à noite, quando sai do trabalho, no  percurso até o carro  senti uma brisa forte. O percurso é sempre o momento em que ao mesmo tempo que agradeço por trabalhar tanto e estar inteira após mais um dia,  sempro penso que quando estava prestes a chegar a esse mundo alguém perdeu a minha ficha em que vinha escrito em letras garrafais “nascida para ser madame”(leia-se sustentada). Nessas horas, em que estamos profundamente cansadas, o lado feminista quase grita para ser Amélia, não a Earhart (aquela americana que adorava pilotar), mas a do Ataulfo Alves.  Mas, voltando ao momento brisa, aquele ventinho me fez tão feliz quanto o cheiro da terra molhada pela primeira  chuva ( que aguardo ansiosamente) . Em meio ao  cerrado árido, a esse tempo de seca, queimadas e sol escaldante, a noite estava fresca e me senti absurdamente grata, não pelo trabalho, mas pelas possibilidades. Pelo céu estrelado e pela lua. Não lamentei pela ficha perdida na fila de nascimento. Não desejei queimar suti

Amigos e o apesar de

Estava aqui pensando nas pessoas que passaram pela minha vida, nos meus amigos. Essa nossa família que escolhemos por opção. Ela, às vezes,  também decepciona, mas ainda não existe lei que oficialize a ex-união, o ex-amigo, por isso temos que carregá-lo inteiro ou aos pedaços, como parte do que somos. Amigos são pessoas que levamos por toda vida, mesmo quando deixam de ser amigos, mesmo quando crescem e deixam de ser aquela pessoa super bacana, para virar aquele ser que desconhecemos e que se tornou insuportável ( será que o pensamento é recíproco?). Alguns amamos tanto ou nos sentimos tão responsáveis pela existência que nos permitimos a desculpa do “apesar de”. Como existem vários niveis de amizade ( o da intimidade, o da fofoca, o da diversão...) uns passam do primeiro nivel para o  “sei lá qual” . Outros vão crescendo de conceito até conquistar uma estrela, um diploma na parede. Mas, não importa. Em algum momento, essas pessoas foram o centro da nossa vida gravitacional ou vice-

A gentileza de Helena Bortone

Heleninha Bortone  nos deixou há dois anos. Era junho. Mas, acredito que as pessoas ao representarem algo, nesta nossa existência, vivem para sempre. No caso dela, isso acontece  toda vez que recebo uma gentileza ou  me "lembro"de ser gentil. Por favor, com licença e muito obrigada, palavras mágicas, dizia um professora. Para mim a grande mestra foi Heleninha, ou melhor, a tia Leninha . Naquele junho, o mundo com certeza perdeu um pouco de sua mágica. “Gentileza gera gentileza”. Quem teve a oportunidade de receber de Heleninha Bortone essa mensagem do profeta Gentileza junto a um pequeno imã  como recordação de um desses finais de ano, sabe a essência  do que ela É. Helena Bortone é sinônimo de suavidade. Crianças e adultos tinham lugar na sua vida. Ela já foi a “Tia Leninha”, uma espécie de Xuxa anterior ao tempo em que se tornou moda fazer programas para crianças e onde conteúdo e respeito davam o tom. Atualmente, o seu espaço era a arte. Hoje ,ela se tornou um espaço den

É só uma chuva....

Nada como um dia após um outro e uma noite no meio. Sempre ouço alguém dizer isso quando tudo fica difícil e a vida parece  não ter  saída. Permita-se. Em tempo de seca e umidade baixa percebi que se a noite é necessária ao dia, a chuva é necessária para que se floresça. Casamento desfeito, amizade perdida, emprego faltando? É chuva! O cara que não liga, o filho que não estuda e a relação que não anda? É chuva! As coisas se refazem, se encontram, se percebem. As pessoas crescem e supreendem e a fila sempre anda. Permita-se. É só uma chuva e o verde e as flores já  vão  chegar. Um lindo dia. Eu sou Ana e  com certeza, eu me permito.

Nem Estatal, nem Público - A experiência de ser Maria

Em 1982, não se discutia o Estatal, o Público ou o do Público. Essas não eram questões que dominavam nosso cotidiano, muito menos o meu, então aluna do curso de jornalismo e  recém-contratada como estagiária. Era outro século e me parece, outra vida. A máquina Olivetti, o carbono, o telefone, a caneta, o papel, o telex eram ferramentas essenciais para nós. O mundo globalizado, como o conhecemos, começava a dar os primeiros passos. Foi nesse contexto que fui apresentada a  Radiobrás, mais precisamente a Rádio Nacional AM de Brasília e ao Viva Maria. "Viva Maria, 120 minutos de informação e descontração, onde você homem também tem a sua vez. ", dizia a apresentadora.   De segunda-feira a sábado, de 10h ao meio-dia, o programa fornecia informações que iam "da viagem de Sarney à Itália, a denúncia de mortes no trânsito", como cita uma reportagem do Correio Braziliense de 13 de junho de 1986,sobre radialistas da cidade. Foi ali, no Viva Maria,  que ouvi pela primei

Madre Teresa ou Saddam, eis a questão.

É melhor destruir Torres ou construí-las? Dependendo do momento tem gente que escolhe a primeira opção. Acha o máximo a posição daquele maluquete querendo queimar livros e ter seus quinze minutos de fama. Se tivessse um avião então....SOCORRO. Tem pessoas que conseguem fazer da vida um 11 de setembro constante, mas não do lado das vítimas. O pior é que elas são o nosso 11 de setembro. Sempre prontas a destruir torres e não construí-las. E quem chamamos nessa hora?? O tal do livre arbítrio que não comanda a nossa vida, mas faz dela uma opção. Na outra ponta está Madre Teresa. Ela nem sempre é de Calcutá. Nem tão beata, mas sempre pronta a oferecer o ombro e o colo. Um dom de agregar, reunir, que desperta inveja e que em algumas ocasiões faz quebrar a cara. Hello! Vamos chamar de novo, não o Lionel Richie, mas o tal de livre arbítrio.É mais difícil e não tão clichê construir torres. Isso requer muito trabalho. Destruir é tão fácil. Permita-se ser Madre Teresa, desde que não usurpe dela