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Mostrando postagens de janeiro, 2011

Onde me vejo

Há alguns anos, fiz  um desses cursos em que tentamos nos conhecer um pouco mais. Acredito que nem nós mesmos nos conhecemos profundamente. Também não nos conhece o companheiro, o terapeuta, o confessor, o guru, a mãe, o pai, o filho, o irmão ou o amigo. Na minha opinião, quem nos conhece de verdade é o nosso travesseiro, que sabe todos os nossos segredos, até aqueles que escondemos de nós mesmos, e que recolheu muitas de nossas lágrimas, de tristeza ou alegria. E o que é melhor, mesmo que brigue conosco, não vai nunca abrir a boca. Mas, sem o meu travesseiro, lá fui eu tentar descobrir o que eu era e acabei mesmo foi descobrindo o outro. Muito do que sou, vejo no outro. Muito do que digo, falo para o outro. Não me refiro ao outro que amamos ou  àquele que habita em nós, esse desconhecido que também fui procurar e que encontro aos poucos, dia após dia. Mas sim aquele outro, o outro-outro, que está ao nosso lado e percebemos ou ignoramos. Aquele com quem nos irritamos e, às vezes, chega

Questão de vida

Uma amiga minha, mais do que querida, está em plena adolescência, embora tenhamos (ou quase) a mesma idade. Explico: um dia ela dormiu saudável e amanheceu doente. Uma doença chamada leucemia. Questão de morte? Não, de vida. Ela lutou algumas batalhas e venceu uma guerra  inteira. Fé. Ela não adoeceu, para mim ela simplesmente “adolesceu”. Chance rara de perceber que se vivem várias vidas em uma e que estamos sempre recomeçando. Uma história a ser contada. Na semana passada, recebi uma notícia que deixou meu coração menor e me encheu de tristeza. Outra amiga, embora tenha travado várias batalhas, não conseguiu vencer uma guerra. Ela faleceu vítima de um câncer e se foi simplesmente. Questão de morte? Não, de vida. Porque vida é luta, mesmo quando se perde a guerra. Vejo a tragédia no Rio, na Austrália, no Haiti, as visíveis e invisíveis. As que podemos tocar e as intocáveis. Vejo, sobretudo, nossas tragédias pessoais, pequenas, grandes, significantes ou não. Vejo as pessoas “adolescend

Arriscar-se

Estava aqui pensando em mudanças, começos e recomeços. Há algum tempo li o livro “Comer, Rezar e Amar”, de Elizabeth Gilbert. Vi o filme também. Mas, nada é melhor do que manusear um livro, hábito quase esquecido na estante nos dias de hoje e que adoro. Com a leitura desse livro descobri que todo mundo tem, ou pelo menos deveria ter ,uma palavra. E descobri a minha : arriscar-se. A gente já começa nesse planeta se arriscando, ou seja, nascendo. Tem coisa mais arriscada do que enfrentar o mundo, depois do quentinho do ventre materno? Depois iniciamos nosso processo de crescimento. Com ele toda expectativa: os primeiros passos, tombos, escola, puxões de cabelo e beliscões, que às vezes, vêm de brinde com os primeiros coleguinhas, ou mesmo, com o irmãozinho, irmãzinha. Enfim, arriscamos e percebemos que começar a viver , às vezes, é doloroso, mesmo assim, seguimos em frente, nos arriscando diante do desconhecido. Porque viver também pode ser prazeroso. E o que mais ouvimos nessa fase da v