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Mostrando postagens de novembro, 2010

E se?...

"E se?"... Presente em todos os momentos. Nas certezas e incertezas, lá está ele a martelar nossa cabeça. "E se?" Olha ele de novo,  na fala de um filme, em um trecho de livro, na nossa existência. E se eu tivesse dito sim? E se eu tivesse dito não? E se eu tivesse saído com aquele cara? E se eu não tivesse saído?  E se eu tivesse aceitado aquela promoção? E se eu... Oportunidades, amores, amizades... Todos eles baseados no tal de "e  se...". Quando quebramos a cara e nos arrependemos, lá está ele firme e forte a nos angustiar. E se? E se? E se? E a gente insiste que se a opção fosse outra, a vida estaria um mar de rosas. O que sei, mesmo sem nada saber, é que se eu tivesse dito sim estaria me perguntado "e se" da mesma forma que se eu tivesse dito não. O "e se"  independe da opção. É um perseguidor daquelas coisas que queremos que sejam certas na nossa vida. Se algo muda, desvia do rumo, acontece como não sonhamos, precisamos de um cul

A casa de Cora

Nesta semana, graças a paciência de dois amigos queridos, tive mais uma aula de como se colocam  portas, se levantam paredes, se constroem  pontes e como doces viram lembranças. Não estou fazendo  nenhum outro  curso, além daquele de me permitir viver.  Essa pequena aula eu tive em uma cidade conhecida por Goiás Velho, ao entrar por uma porta verde, em uma casa velha da ponte sobre um rio chamado Vermelho.  É que fui visitar Cora Coralina. A casa onde ela nasceu, viveu, partiu, retornou e partiu novamente. Pessoa linda, como tantas outras,cujas palavras me encantam. "Recomeça. Faz de tua vida mesquinha um poema".  Aninha (sim seu nome era Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas) , ou melhor Cora, me deixou visitá-la  e, por um momento, permitiu que sua casa real fosse um pouco minha. Como se colocam portas, se levantam paredes, se constroem  pontes? Saindo do aconchego do que  cremos ser verdadeiramente nossa casa e nos lançando pelo mundo para depois voltarmos para o que acred

Grata pelo outro

Outro dia liguei para uma amiga minha para desejar Feliz Aniversário. Dessas amigas para quem eu ligo pelo menos uma vez por ano, que conheço desde a pré-história, mas que a vida levou por destinos diferentes. O incrível é que moramos na mesma cidade. Ao terminarmos nossa conversa ela disse “sou muito grata por você fazer parte da minha vida”. Gratidão mútua, que me deixou comovida. Não por ela ser uma dessas amigas que amamos sem nunca ver, porque em algum momento nos ajudou a sermos protagonistas da nossa existência, mas por ter esse sentimento de gratidão pelo outro. Ser grata pelo outro. Ser grata apenas pelo fato de que, em algum momento, o outro ter participado dessa pintura que é nossa vida. Obra de arte? Nem sempre. Às vezes, tão imperfeita que parece o contrário. Sem retoques, com manchas, sombras, luz e cor. Mas, com a contribuição desse outro que passou ou ficou, disse olá, adeus, te amo, te odeio, obrigada ou já vai tarde. De quem deu alegrias e também fez chorar. Ser grata

Desculpe por desejar bom dia

Outro dia estava atravessando a rua quando um senhor me disse “bom dia” para logo em seguida emendar, “desculpe, pensei que fosse outra pessoa”. O mundo anda tão caótico e as pessoas tão distantes uma das outras, que o fato de alguém se desculpar por desejar a você que o dia seja no mínimo razoável se transforma em um pedido de desculpa. Opssss, dei bom dia para a pessoa errada. E quem é afinal a pessoa certa? O conhecido ou o desconhecido? Estranho esse mundo. Acho que não deveríamos nos desculparmos por viver nele, nem por sermos educados e gentis. Não deveríamos ter vergonha de cumprimentar o outro, deveríamos ter vergonha de nós mesmos por não fazê-lo. Se a “tia” do maternal  nos visse agora, com certeza ficará chateada por termos esquecido lições tão básicas. O “bom dia” associado ao “com licença” e ao “muito obrigado” torna tudo um pouco melhor. Deixe-se confundir. Permita-se todos os dias se dirigir ao outro como se fosse um conhecido e lhe desejar um sonoro bom dia. Permita-se