A fila anda

"Sabia que você é a última da fila?" A pergunta, vinda de uma criança de uns quatro anos, me fez rir e reagir: "sou a última agora, mas logo não vou ser mais. É só chegar alguém, que a fila anda"... A criança faladeira continuou orgulhosa: "ah , mas minha mãe é a primeira" e a mãe do seu lugar: "não, eu sou a segunda". Essa conversa sobre primeiros, segundos e terceiros lugares  aconteceu na padaria, em uma noite dessas. Podemos mesmo estar em último, em algum momento qualquer, mas de repente, a fila anda e  nosso lugar já é outro. Pode ser um exercício de paciência , de conformidade, de recomeço, não importa. O certo é que quando a nossa fila anda, não vira notícia em jornais ou revistas, não que não seja um acontecimento, mas porque  é  imperceptível.  O primeiro lugar, o momento de pagar o pão, por assim dizer, chega do mesmo jeito. Reflexões sobre o cotidiano. A criança, que encontrei  na fila da padaria, ainda me apresentou a seu cachorro de pelúcia e acrescentou: " ele nasceu hoje". Mais um para a fila andar, nem que seja no reino da fantasia.

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