Onde me vejo
Há alguns anos, fiz um desses cursos em que tentamos nos conhecer um pouco mais. Acredito que nem nós mesmos nos conhecemos profundamente. Também não nos conhece o companheiro, o terapeuta, o confessor, o guru, a mãe, o pai, o filho, o irmão ou o amigo. Na minha opinião, quem nos conhece de verdade é o nosso travesseiro, que sabe todos os nossos segredos, até aqueles que escondemos de nós mesmos, e que recolheu muitas de nossas lágrimas, de tristeza ou alegria. E o que é melhor, mesmo que brigue conosco, não vai nunca abrir a boca. Mas, sem o meu travesseiro, lá fui eu tentar descobrir o que eu era e acabei mesmo foi descobrindo o outro. Muito do que sou, vejo no outro. Muito do que digo, falo para o outro. Não me refiro ao outro que amamos ou àquele que habita em nós, esse desconhecido que também fui procurar e que encontro aos poucos, dia após dia. Mas sim aquele outro, o outro-outro, que está ao nosso lado e percebemos ou ignoramos. Aquele com quem nos irritamos e, às vezes, chega