Trinta

Trinta anos. Acabei de receber um e-mail de uma amiga que está na contagem regressiva para essa idade, que marca o início de uma década, que representa para muitos, um rito de passagem para os “enta” que estão distantes, mas já se avizinham. Ela está em absoluta contagem regressiva para seu aniversário e tem o que comemorar porque a vida, como ela mesma gosta de dizer, é “mara”. Às vezes, nessa comemoração, enchemos a cara, perdemos a memória ( intencional ou não) , passamos o maior vexame, mas seguimos em frente. Falo isso, porque passei pelos trinta, como quem passa por um turbilhão, não tive nem tempo de pensar direito. Foi uma fase de perdas, encontros e recomeços. Alguns sempre me acharam sortuda por já ter filhos nessa idade. Sim, tenho sorte de ter os filhos maravilhosos que tenho, mas a maternidade não é um prêmio, é um processo de conquista para que esse amor seja recíproco. Reciprocidade nas relações é o que faz de mim uma sortuda. Sorte é você ser humano e conseguir ser singular em um mundo de iguais. Sorte é você ter colo e ombro e as pessoas saberem que podem contar com eles. Sorte é você ser “mãe” nas situações em que qualquer pessoa, que pertença ao seu mundo, precise dessa atitude. A maternidade pode vir ou não, pois não é ela quem vai definir que você é um ser humano completo. O ser humano completo leva uma vida inteira para ser construído e disso fazem parte algumas descobertas, como as de que, além do fundo do poço existe um buraco e de que somos capazes de construir escadas para sair dele, ou em algumas situações, ter cordas jogadas por alguma mão amiga.  É claro, que sempre saímos um pouco descabelados e machucados, mas, se não temos uma escova lançamos uma nova moda. E na falta de um curativo, água e sabão. Confesso que os trinta anos mudaram para sempre o “eu” que sou. Mudanças que prosseguem. É uma opção enxergar as possibilidades ou transformá-las em uma sombra. Os trinta da minha amiga estão chegando,  só posso desejar  que abra a porta sem medo, para  ter sempre o que celebrar até sair dos "inta", dos "enta" e chegar  finalmente aos cem.  É claro, sem deixar nunca de ser “mara” como ela é.

Comentários

  1. Ai amiga, que lindo!! Fiquei emocionada aqui :-)
    Sabe uma das melhores coisas de fazer trinta anos? É ter pessoas LINDAS como VOCÊ na minha vida! OBRIGADA por existir e mais do qeu tudo, por estar comigo sempre. Amo você!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

A gentileza de Helena Bortone

Criança

Pai e pássaros